09/11/2017

“Podem cortar a minha cabeça, porque eu sou cristão e nunca deixarei de ser!”

Missionária católica relata que cristãos perseguidos “têm os olhos voltados para o céu”
A irmã Guadalupe Rodrigo, freira da ordem do Verbo Encarnado, nasceu na Argentina, mas trabalha como missionária no Oriente Médio há 20 anos. Recentemente ela contou diferentes testemunhos dos horrores que testemunhou em meio à guerra contra os cristãos.

Falando sobre a perseguição dos muçulmanos, ela afirmou: “Hoje em dia, em pleno século XXI, temos mártires todos os dias, mas, infelizmente, isso não se conhece. É uma riqueza para a Igreja nos nossos tempos. Esses mártires estão irrigando, com seu sangue, a nossa fé e nos dando forças para levarmos nosso trabalho adiante nas outras partes do mundo”.

Segundo Guadalupe, os cristãos da Síria e do Iraque, que vivem há muitos anos o cotidiano de uma guerra, estão sempre “preparados para a morte”. Ela conta que os jovens de Alepo, na Síria, quando são presos dizem: “Podem cortar a minha cabeça, porque eu sou cristão e nunca deixarei de ser”.

Eles acabam sendo mortos na maioria das vezes. A freira diz que testemunhou muitas execuções. “Uma mulher foi amarrada em uma praça para que todos que passassem pudessem golpeá-la. Ela iria apanhar das pessoas até que pedisse para ser muçulmana. Ela não pediu, e assim morreu. Essa é uma das coisas mais suaves que se pode contar!”, lembra.

Sabidamente, muitos cristãos que vivem nas regiões dominadas até recentemente pelo Estado Islâmico, foram crucificados, decapitados. Nem mulheres nem crianças vinham sendo poupadas. “Vocês acham que esses cristãos morrem gritando de medo, insultando? Não! Eles morrem como os mártires: sorrindo, cantando e perdoando”, testemunha Guadalupe.

Para ele, o desafio de fé dos cristãos é diário, não importa de que tradição sejam. Na verdade a maioria são ortodoxos e cristãos siríacos. Os católicos são cerca de 1% e número de evangélicos é muito pequeno. Mesmo assim, todos são perseguidos por não aceitarem que Allah é o único Deus e Maomé o maior profeta. “Quantas vezes escutamos alguém falar: “Eu te amo tanto, que daria a minha vida por você! Eles falam e vivem, por isso se proclamam cristãos todos os dias em nome de Jesus”, assegura.

Entre os diversos testemunhos, ela destaca a do menino Bruno. “Ele tem 11 anos e viveu 5 anos da guerra, praticamente toda a sua infância. Bruno não conhece outra coisa a não ser o barulho das bombas, as explosões”, destaca Guadalupe.

“Um dia perguntei a ele: “Você compreende que, por ser cristão, pode morrer a qualquer momento?” Ele me respondeu: “Sim, Claro!”. Então perguntei: “Você está disposto a morrer por ser cristão?”. Ele me respondeu: “Irmã, temos que sofrer. Veja Jesus Cristo na cruz, quanto Ele sofreu por nós! Não estaríamos nós dispostos a sofrer também por Ele?””, narra a freira.

Ela diz ainda que grupos terroristas costumam pintar uma letra “N” na casa dos cristãos, para marcar onde vivem os “nasrani” (nazareno, em árabe). É quase uma sentença de morte. “Para os terroristas, esse é um sinal de maldição; para os cristãos, é o sinal dos nossos mártires, um símbolo dos cristãos perseguidos”, destaca a freira.

A missionária chama atenção para algo que não pode ser ignorado: “Antes da guerra, antes da perseguição, os cristãos estavam entretidos com as coisas do mundo, e esqueceram-se de coisas muito importantes. Agora, eles se dão conta de que a vida é curta e que a morte pode chegar a qualquer um, e o mais importante vem depois da morte”.

Finalizou seu relato, dizendo: “Hoje eles têm os olhos voltados para o céu, decidiram colocar a felicidade deles no céu, um lugar que ninguém pode tirar deles. É por isso que vivem essa alegria e liberdade, porque compreenderam que nem a guerra nem a perseguição podem tirar deles a vida eterna… 

Os cristãos do Oriente Médio nos ensinam a viver a perseguição. Se vivermos como eles, encontraremos a verdadeira alegria e liberdade”.

Fonte: Gospel Prime

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